“Duriódhana aprovou a idéia de Karna e acenou a Dushásana para que se apressasse. Dushásana levantou Draupadi pegando a extremidade de sua roupa. E, diante dos olhos da assembléia mortificada, começou a desenrolar, à força, o tecido que a envolvia. Draupadi ainda tentou resistir, mas era inútil. A roupa escapava-lhe das mãos à medida que o guerreiro kaurava a puxava, cada vez mais enérgico. Ela olhou desesperada para os maridos, mas eles não se moveram. A princesa compreendeu que ninguém a protegeria naquela assembleia. Pensou em Krsna. Entregando-se completamente a proteção dele, abriu os braços e orou: ‘Oh Govinda! Oh Krsna! Oh Senhor! Oh protetor do povo e destruidor de todas as aflições, salve-me! Oh alma do universo, veja como afundo no oceano kuru. Estou perdendo os sentidos nessa assembleia maldosa. Por favor, resgate-me!’
Krsna ouviu a oração de Draupadi, de onde estava, a muitas milhas de distância, e de imediato respondeu. Expandindo-se por meio de seu inconcebível poder supra-humano, correu até Hastinapura. Chegando ao salão em questão de segundos, lá entrou invisível, e logo começou a suprir uma quantidade ilimitada de tecido à roupa de Draupadi. Por mais que Dushásana insistisse em despi-la, via admirado que Draupadi continuava totalmente vestida! E uma pilha de tecidos de todas as cores crescia amontoada no chão. O príncipe continuou a tentar desnudá-la, mas, depois de algum tempo, extenuou-se e percebeu que seus esforços eram inúteis.”
Srila Vyasadeva
Mahabharata (versão em português)
