Nosso Guru Maharaja apareceu em uma família de fazendeiros na famosa vila de Banaripara, no distrito de Jessore, no leste da Bengala. Na ocasião do Seu nascimento, Seu corpo era muito delicado e belo, e por ter uma compleição dourada, sua mãe e todas as senhoras do local deram a Ele o apelido de Jona (que significa “vagalume”). Seu verdadeiro nome era Bhima. Por cerca de três ou quatro meses, Ele não falava ou chorava, e Sua família estava muito preocupada. Então, certa vez, um mendigo muçulmano veio a casa deles esmolar e disse à mãe de Gurudeva: “O seu filho não fala?”
Ela respondeu: “Como você sabe disso? Se você for capaz, por favor, faça-O falar de alguma forma.”
O mendigo respondeu: “Faça o seguinte: na vila existem alguns “intocáveis”, pessoas da classe de sudras que trabalham nas regiões de cremação . Eles se alimentam com arroz de baixa qualidade que são deixados de molho por toda a noite. Peça um pouco desse arroz deles, alimente sua criança, e então ele falará.”
A mãe de Guru Maharaja era uma mulher muito trabalhadora que, sobretudo, tomava conta de suas terras. Ela disciplinava com muito rigor seus filhos, e eles jamais podiam ir a qualquer lugar sem sua permissão. Todos a respeitavam. Quando ela se aproximou de uma daquelas famílias de sudras e pediu um pouco daquele arroz, eles disseram:” Como você é capaz de tomar isso? Ele foi tocado por nós!”
Ela respondeu:” Não se preocupe, apenas me dê um pouco dele.”
Conseguindo algum arroz, ela o levou para casa e o colocou diante da criança que imediatamente iniciou um choro”Ma Ma” e começou a falar a partir daí.
Na sua juventude nosso Gurudeva era muito próximo de seu pai, que era especialmente carinhoso com Ele. Naquele tempo, as pessoas do leste da Bengala eram muito religiosas e as leituras do Bhagavad-gita, do Srimad-Bhagavatam, estavam sempre acontecendo. Logo surgiu uma divisão e isso foi como se o coração da Bengala tivesse sido arrancado. Desde a sua tenra infância, Gurudeva agarrava o dedo do seu pai e o acompanhava nos programas religiosos, e se nessas ocasiões estivesse escuro, Ele se sentava nos ombros de seu pai. Assim, filosofia religiosa tornara-se seu interesse. Existe um provérbio em Hindi que diz: honahara viravana ke hota cikane pata, que significa: quando uma muda de planta crescer e der muitos frutos, suas folhas serão grandes e belas. Eventos vindouros seriam um prenúncio de grandes feitos desta arvore; e desde Sua infância, os sintomas indicavam que Ele se tornaria uma grande personalidade.
Conforme crescia, Ele passava a maior parte do seu tempo na companhia de um grande mahatma que tinham seu asrma na vila. Lá ele escutava leituras do Gita, Bhagavatam e do Vedanta. Quando Ele estava na escola, ainda em uma idade muito jovem, Ele iniciou sua própria revista e sua linguagem era muito erudita. Ele também era um excelente orador e quando falava em grande assembleia, não era necessário auto-falante. Ele não sabia muitos slokas como alguns devotos, contudo era capaz de dar belíssimas explicações.
Quando Eu me juntei a Matha, recebi especial misericórdia de Bhagavan, tendo a oportunidade de acompanhar nosso Gurudeva em muitos grandes programas, onde Ele palestrava, mantendo-me sempre ao seu lado. Ele deu a meu irmão espiritual senior, Srila Vamana Maharaja, a responsabilidade pela impressão de livros, e sendo um homem muito qualificado, imprimia muitos livros e revistas sequencialmente.
Com a finalidade de ajudar na revista, cozinhar e cuidar de vários serviços, Guruji mantinha-me junto a Ele. O seu estilo de fala e escrita eram maravilhosos, e era grande a minha fortuna por escutar tanto dele! Eu sempre fazia anotações e ficava com Ele como se fosse sua sombra. Assim como hoje, Vamana Maharaja, era muito quieto e não falava muito, todavia, meu querido irmão Trivikrama Maharaja e eu éramos muito falantes. Nós estávamos sempre engajados em debates sobre diversos tópicos, e quando Guruji ficava cansado de nós, falava: “Pegue esse livro, a resposta está aqui!” Hoje em dia os devotos não discutem muito sobre tópicos de tattva (conclusões filosóficas). Ao invés disso, falam sobre o tipo de roupa que estão vestindo e que tipo de comida comerão. Quando Vaisnavas se encontram, devem debater sobre tattva, e esta era a nossa grande fortuna, ouvir discussões sobre bhakti-tattva de devotos muito eruditos! Mas hoje em dia, raramente alguém usa seu tempo discutindo o significado das escrituras.