Sua Divina Graça AC Bhaktivedanta Swami Prabhupada apareceu em uma família de Gaudiya- Vaisnavas puros, em 1896, em Calcutá. Desde a infância ele mostrava sinais de devoção pura ao Senhor Sri Krisna. Em sua tenra idade de cinco anos, ele, sozinho, organizou um festival de Ratha Yatra em seu bairro para glorificar o Senhor Jagannatha. Ele decorou de forma autêntica um pequeno carrinho à semelhança da carruagem colossal do Senhor em Puri. Além de liderar o grupo de kirtana, organizava a cozinha e a distribuição de prasada. Com seu entusiasmo e amor extático por Krisna, ele ocupava a comunidade em cantar:
Hare Krisna Hare Krisna Krisna Krisna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare.
Ao contrário de outras crianças de sua idade, que perdiam seu tempo se divertindo, Srila Prabhupada preferia visitar o local do templo de Radha Krisna. Por horas a fio, ele amorosamente contemplava as formas transcendentais de Radha-Govindaji, absorvendo-se em Suas bençãos divinas e belo darsana. Em sua juventude, Maharaja Pariksit costumava vestir uma Deidade de Krisna. Da mesma forma, desde sua infância, Srila Prabhupada também adorava pequenas deidades de Radha Krsna. Ele rapidamente aprendeu as batidas tradicionais e ragas de mrdanga e harmônio. Com sua devoção pura, Srila Prabhupada cantava doces bhajanas devocionais para agradar Radha Govindaji.
Aos vinte e seis anos, ele conheceu seu eterno mestre espiritual Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur (Fundador-Acarya da Gaudiya Matha). Em seu primeiro encontro, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura deu a Srila Prabhupada uma ordem divina: “. Vá para o Ocidente e propague a Consciência de Krisna na língua inglesa.” Com plena fé, Srila Prabhupada abraçou essa ordem como sua vida e alma. Após executar as ordens de seu guru, ele começou a escrever e distribuir “De Volta ao Supremo”, uma revista em idioma Inglês da ciência da consciência de Krisna. Embora tivesse começado em 1944 um pequeno caminho, “De Volta ao Supremo” agora circula em todo o mundo em mais de cinquenta línguas.
Srila Prabhupada, como todos os Vaisnavas puros, mostrou imensa compaixão pelo sofrimento das almas condicionadas. Embora elas estejam apodrecendo na vida material da ignorância, as almas condicionadas teimosas insistem que “não têm tempo para a vida espiritual.” Nem a indiferença delas, nem o calor do verão escaldante de Delhi poderia impedir Srila Prabhupada de distribuir o bálsamo refrescante da consciência de Krisna. Certa vez, enquanto distribuía “De Volta ao Supremo”, ele caiu na rua de insolação. No entanto, ele permaneceu fixo em sua determinação de agradar seu mestre espiritual.
Ele tomou sannyasa (voto de renúncia) em 1959 após abrir mão da vida familiar. Abrigando-se em Vrindavana, ele alugou um bhajana-kutira no templo Radha-Damodara, onde ele se absorveu na associação de Sri Rupa e Sri Jiva Gosvami. Srila Prabhupada passou os seis anos seguintes realizando intenso bhajana a Krisna. Regularmente, ele se banhava no Yamuna, e recebia darsan de Madana Mohana, Govindaji, Gopinatha e Radha Ramana. Ele orava pela misericórdia dos seis Gosvamis e continuava com o trabalho de escrita e impressão. Durante seu bhajana ele recebia bênçãos, inspiração e orientação direta do todo-misericordioso Sri Rupa Gosvami.
Neste momento, ele começou a principal obra literária de sua vida, uma tradução em Inglês com comentários do Srimad Bhagavatam. Para Srila Prabhupada isso significava muito mais uma manifestação devocional do que uma mera tradução do esotérico sânscrito para a compreensível língua inglesa. A História Gaudiya Vaisnava revela que alguns devotos avançados começaram a chorar de felicidade espiritual durante a leitura do Srimad Bhagavatam. Manchando a tinta sobre as páginas, suas lágrimas fariam as linhas ilegíveis. Da mesma forma, Srila Prabhupada disse uma vez que seus comentários do Srimad Bhagavatam eram de fato expressões de seus “êxtases devocionais.” Trabalhando sozinho, Srila Prabhupada escreveu, pediu dinheiro para imprimir, e pessoalmente transportou o papel para publicar os três primeiros volumes do Srimad Bhagavatam. Relembrando esses tempos, ele disse uma vez humildemente aos seus discípulos:
“Eu não sabia nada sobre a escrita. Mas meu mestre espiritual me disse para espalhar as glórias do Senhor Krisna em Inglês. Então foi isso que tentei fazer, seguindo os passos do meu Guru Maharaja. Ele era tal aristocrata transcendental. Eu não tinha grandes qualificações pessoais. Eu apenas tentei seguir suas instruções.“
Outros discípulos de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura tentaram, sem sucesso, pregar a consciência de Krisna na Europa na língua Inglesa. Srila Prabhupada, no entanto, tinha plena confiança em seu Guru e no nome de Krisna. Destemido como Abhimanyu, ele trouxe a Consciência de Krisna para o local mais poderoso do mundo, a América. Além ter o inglês como língua mãe e ser uma “super potência”, os Estados Unidos era o líder mundial nas atividades pecaminosas de comer carne, praticar sexo ilícito, jogos de azar, intoxicação. Se os americanos aceitassem a consciência de Krisna, pensava Srila Prabhupada, então certamente ela se propagará em cada cidade, em cada vilarejo, como o Senhor Caitanya predisse quinhentos anos atrás. Afinal, “O que é uma gloriosa vitória sem luta gloriosa?” Isso era o que Srila Prabhupada costumava dizer.
Com a idade de setenta anos, armado com kartalas e um engradado de Srimad Bhagavatams, Srila Prabhupada partiu para a América em 1965 no navio a vapor “Jaladutta.” Durante a árdua jornada de quarenta dias de mar, o navio encontrou fortes tempestades. Por duas noites consecutivas, ele teve graves ataques cardíacos que quase o mataram. Na terceira noite, o Senhor Krisna apareceu para Srila Prabhupada em um sonho. O próprio Senhor Supremo trouxe o navio para a América, incentivando Srila Prabhupada e dando-lhe toda a proteção. Srila Prabhupada escreveu esta oração ao chegar em Nova York:
“Meu querido Senhor Krisna, Você é tão amável com essa alma inútil, eu não sei por que Você me trouxe aqui. Agora você pode fazer o que quiser comigo. Como poderei fazê-los compreender a mensagem da consciência de Krisna? Eu sou muito desafortunado, desqualificado e o mais miserável. Portanto, desejo sua bênção para que eu possa convencê-los. Pois sou completamente impotente para fazer por minha própria conta.”
“0h Senhor, eu sou como um fantoche em suas mãos. Então, se você me trouxe aqui para dançar, faça-me dançar, faça-me dançar! Oh Senhor, fazei-me dançar conforme Seu desejo.”
Em Manhattan, Srila Prabhupada lutou com o frio do inverno e a neve fria de 1965. Ele continuou escrevendo e ocasionalmente vendia alguns Bhagavatams. Mas durante um ano nada aconteceu de fato. Aos poucos, alguns alunos de yoga começaram a frequentar as aulas do Bhagavad-gita. A notícia se espalhou de que um “swami” indiano estava na cidade ensinando um método específico de yoga: o cantar do mantra Hare Krisna.” Depois que seu quarto foi roubado, ele se mudou para um pequeno apartamento na Avenida Segunda, 26, na parte leste.
Nas proximidades do Tompkins Square Park, Srila Prabhupada liderou o primeiro cantar público do maha-mantra Hare Krisna no mundo ocidental. Em 13 de julho de 1966, ele fundou a ISKCON (Sociedade Internacional para a Consciência de Krisna) e iniciou uma dúzia de discípulos. Para que os discípulos recebessem iniciação, deveriam prometer desistir de todas as formas de relações sexuais ilícitas (fora do casamento), consumo de carne e ovos, intoxicação (bebida e drogas), e jogos de azar. Srila Prabhupada estava sendo bem-sucedido em seu caminho para realizar sua missão.
Sob a orientação pura de Srila Prabhupada, o movimento da consciência de Krisna rapidamente floresceu. Em poucos meses, templos de Radha Krsna foram abertos em Nova York, San Francisco, Boston, Los Angeles, Montreal e Londres. Na década de 1970, ele viajou pelo mundo quatorze vezes, estabelecendo 108 templos de Radha Krisna em todas as grandes cidades da América, Europa, África, Índia, Ásia e Austrália. Ele iniciou um total de cinco mil discípulos sinceros de diferentes nacionalidades.
Ele abriu ashrams e restaurantes de vegetarianismo puro, chamados “Govinda”. Em todos os continentes, ele começou gurukulas védicos (escolas) e goshallas. Srila Prabhupada foi o primeiro mestre espiritual a introduzir a bela adoração às Deidades de Radha e Krisna e o festival de Ratha- Yatra anual do Senhor Jagannatha nos países ocidentais. Festivais de Ratha Yatra do Senhor Jagannatha, com três belos carros de madeira que transportavam o Senhor Jagannatha, o Senhor Baladeva e a Senhora Subhadra, uma procissão poderosa de sankirtana e distribuição maciça de prasada, eram realizados todos os anos em mais de duzentas cidades do mundo.
Embora constantemente viajando e pregando aos sacerdotes, príncipes, políticos, filósofos, cientistas e seus discípulos, Srila Prabhupada mantinha a tradução do Srimad Bhagavatam. Ele escreveu mais de oitenta livros: Krisna, a Suprema Personalidade de Deus, Os ensinamentos do Senhor Caitanya, Néctar da Devoção, A Ciência da Auto-Realização, e traduções para o inglês com comentários do Srimad Bhagavatam, Bhagavad-Gita Como Ele É, Isopanisad, Upadesamrta, Narada Bhakti-sutras, Mukunda mala-stotra, e Caitanya Caritamrta são algumas de suas obras. Os livros de Prabhupada foram traduzidos em cinquenta línguas como o francês, alemão, italiano, espanhol, chinês, russo, japonês, suaíli, hindu, bengali. Quase um bilhão de cópias já foram distribuídas em todo o mundo.
Em apenas 11 anos, entre as idades de setenta e oitenta e um anos, Srila Prabhupada cumpriu sua missão. Os créditos de seu sucesso fenomenal e sua fé inabalável foram dados ao seu mestre espiritual e ao Santo Nome do Senhor Sri Krisna. Ele não era uma pessoa comum. Srila Prabhupada foi escolhido pessoalmente e fortalecido pelo Senhor Supremo para espalhar a consciência de Krisna e cantar Hare Krisna em todo o mundo.
Em Vrindavana, durante o auspicioso mês de Kartika em 1977 no dia 14 de novembro, enquanto cercado por discípulos que cantavam do âmago de seus corações em um kirtana amoroso, Srila Prabhupada cantando Hare Krisna, entrou nos passatempos eternos de Radha-Syamasundara. A pedido de Srila Prabhupada, seu samadhi foi feito por Srila Narayana Gosvami Maharaja, e está em Vrindavana, no templo Krishna-Balarama Mandir.
“A ordem que Srila Swami Prabhupada me deu foi para que eu ajudasse Seus devotos. Se eu estou obedecendo a Ele, então eu posso estar desobedecendo outros. De qualquer forma, mesmo se todo o mundo está de um lado oposto a mim, Eu estarei do outro lado tentando obedecê-lo. Eu apenas quero ensinar o que é bhakti pura na linha de Srila Rupa Gosvami e todos os nossos acaryas, até Srila Bhaktivedanta Swami Prabhupada. Eu quero ser bem-vindo em seus templos, onde ele realizou seus passatempos. Eu quero pegar a poeira de Seus pés, prestar meus respeitos e especialmente adorar Seu samadhi, que foi executado com minhas próprias mãos. Eu tenho um coração aberto, e braços abertos; minha porta está sempre aberta a todos. Minha intenção é ajudar a todos que me procuram, a estabelecer um belo templo em seus corações, onde Sri Sri Radha e Krsna possam ser servidos.
Eu estou orando aos pés de lótus do meu diksa-gurudeva e aos pés de lótus do meu siksa-guru e priya-bandhu Srila Bhaktivedanta Swami Prabhupada. Possam Eles conceder misericórdia sobre todos vocês e também sobre mim. Se após dar misericórdia a todos vocês sobrar algo, então que Eles me concedam também. Por favor, não pensem que estou minimizando Swamiji ou atuando contra o melhor interesse de Sua missão. Do fundo do meu coração, eu cuido para que todos os seus seguidores busquem executar Suas ordens e propagar a Consciência de Krsna intensamente. Eu estou implorando a todos os Vaisnavas para que estejam abertos à minha tentativa em servir os pés de lótus e a missão de nosso amado Bhaktivedanta Swami Maharaja. Ele gentilmente vem me concedendo a oportunidade de servi-lo e eu estou oferecendo puspanjali (adoração) do fundo de meu coração aos Seus pés de lótus.”
Todas as glórias a Sri Guru e Gauranga!
Todas as glórias a Srila Prabhupada!
Srila Narayana Gosvami Maharaja; Do Livro: Meu Siksa-Guru e Priya-Bandhu