“Agora, Sri Jayadeva Gosvami começará a descrever Vasanta-rasa: ‘Meu coração está palpitando, pois desejo escrever tal coisa que nessa vida nunca escrevi antes, e que não é mencionado em lugar algum: que Krsna cairá aos pés de Radhika. Conhecemos isso bem, mas Krsna é o Controlador Supremo, a causa de todas as causas, e o bhagavat-avatara original. Ele se prostra aos pés de Sua própria potência, que está na forma de Sua dasi (serva). Eu não sei se isso é apropriado, mas meu coração está dizendo que sem Krsna acomodando Sua cabeça nos pés de Radha, ela não ficará satisfeita! Não sei se sou capaz de escrever isso.’
Jayadeva prossegue descrevendo que, nas planícies de Giriraja Govardhana em Candra-sarovara, Candra (a lua) permaneceu por toda uma noite de Brahma. Qual é a duração da noite de Brahma? Milhões de yugas. Para testemunhar a rasa-lila (dança das doçuras transcendentais), ela permaneceu ali, por isso este local é chamado Candra-sarovara.
Na estação da primavera, surgem todas as frutas e flores em Vrndavana. O cuco começa seu som “ku-ku”, o pavão começa sua doce melodia “ke-kah”, e é como se os pombos tocassem búzios emitindo um lindo som “ko-ko”. Todos estão emitindo seus próprios sons característicos, que coletivamente soa como se estivessem tocando em um sahanai. Desta forma, todos os pássaros e animais tornam-se felizes, e não há ninguém que não esteja dançando. Formando grupos, Krsna e as gopis começam a dançar. Todas as moças solteiras estão presentes ali, e para isso, elas esperaram por um ano. Para dançar com Krsna, para encontrarem-se com Krsna – elas passam o ano inteiro ardendo no fogo da separação em seus corações. Não para si mesmas, não por luxúria, mas para aplacar essa dor de separação.
Para realmente se tornar imerso na rasa de Krsna, deve-se adentrar nesta poesia composta por Jayadeva Gosvami. Portanto, Caitanya Mahaprabhu, com seu coração pleno de rasa, à noite pedia a Svarupa Damodara: “Por favor, recite o Gita-govinda para Mim.” Ao ouvi-lo, imediatamente Seu prazer aumentava. Svarupa Damodara lia exatamente o que Caitanya Mahaprabhu desejava ouvir. Às vezes, era a poesia de Jayadeva, outras vezes a de Candidasa, às vezes de Vidyapati, e outras vezes, lia versos dos cinco capítulos que descrevem a rasa no Srimad-Bhagavatam.”
Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja
O Néctar de Govinda-lila, Capítulo 4.