Dandavat Pranamas! Em 2025, 04 de fevereiro, comemora-se o dia do desaparecimento de Sri Ramanujacarya. Por favor, aceitem gentilmente esta aula inspiradora dada por Srila Gurudeva Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja, no dia 09 de abril de 2000, em Mathura, na Índia, na ocasião do aparecimento desta grande personalidade, como uma eterna instrução em nossos corações.
Hoje é o avirbhava, dia do aniversário de Sri Ramanujacarya. Rama-Navami, o aniversário do Senhor Rama, também acontecerá muito em breve. Ao longo de toda vida, Rama e Sita-devi sempre tiveram problemas, embora Rama seja Deus e Sita-devi Sua potência interna, svarupa-sakti. Eles mostraram através do próprio exemplo que, neste mundo, mesmo que você seja um rei e tenha uma personalidade muito forte, ainda assim haverá de sofrer. Portanto, tentem ser como Rama, Sita e Hanuman. Não fiquem preocupados. Há muitas histórias sobre a vida de grandes personalidades que ilustram isso, tal como a vida de Sri Ramanujacarya.
Sri Ramanujacarya é uma encarnação de Laksmana (irmão mais novo do Senhor Rama), e ele aceitou a Sri Sampradaya. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada aceitou muitos dos ensinamentos dele, tais como os deveres a serem cumpridos pelos sannyasis, os deveres dos discípulos, e a etiqueta Vaisnava. Ele utilizou 108 ensinamentos. Nós seguimos esses ensinamentos, e também os publicamos em nossas revistas em hindi e bengali, Bhagavata Patrika e Gaudiya Patrika.
Corrigindo Seu Guru
Sri Ramanujacarya nasceu em uma família simples. Sua mãe e seu pai não eram ricos, mas eram de uma casta elevada de brahmanas, e eles eram muito eruditos. Ramanuja era um menino excepcional desde a sua infância. Enquanto esteve sob a orientação de um guru Mayavadi chamado Yadavacarya, ele era muito cuidadoso com seus estudos. Um dia, quando seu guru estava dando uma explicação impessoal de um verso que continha a palavra taptyasana, esse comparou os olhos de lótus do Senhor com a parte traseira de um macaco, que é avermelhada perto de sua cauda. Ao ouvir isso da boca de seu gurudeva, Ramanuja começou a chorar em profunda dor. Ele sentiu grande pesar em seu coração quando seu Gurudeva usou uma analogia inoportuna para descrever os olhos de lótus do Senhor. Após recolher-se, ele muito educadamente perguntou se poderia dizer algo sobre o verso referido. Yadavacarya consentiu, e Ramanuja deu excelentes explicações de acordo com a gramática sânscrita. Ele disse que o termo taptyasana de fato significa: aquele que conduz à água, e este é o sol. As flores de lótus desabrocham pela potência do sol, e, portanto, os olhos do Senhor são comparados a lótus, não a um macaco.
Quando Yadavacarya ouviu isso, ele pensou: “Este menino é perigoso. Ele é muito perito nesses assuntos e está dando belas explicações . No futuro, ele poderá acabar com todos os ensinamentos impessoais dos Vedas, e por essa razão devo matá-lo.”
Protegido pelo Senhor
Temeroso, ele anunciou aos meninos que todos iriam a um passeio em um determinado dia. Ele também muito confidencialmente, disse a alguns de seus discípulos seu plano de matar Ramanuja naquele dia. Neste grupo de discípulos, havia um menino chamado Govinda que era primo-irmão de Ramanuja. Ele discretamente foi a Ramanuja e de forma oculta o informou sobre a intenção de seu professor.
Ele disse: “Oh irmão, você deve ter muito cuidado, pois o nosso professor está planejando matá-lo esta noite, quando estivermos todos juntos.”
Ouvindo isto de Govinda, Ramanuja imediatamente deixou aquele lugar.
Durante todo o dia e noite, ele caminhou pela floresta densa, e foi difícil para ele discriminar o caminho, especialmente à noite. Vendo seu devoto querido em tal estado, o Senhor apareceu na forma de Bharadvaja e, segurando uma concha em Sua mão, mostrou a Ramanuja o caminho. Assim, em pouquíssimo tempo, Ramanuja cruzou toda a floresta, alcançando a parte externa da aldeia.
Após alguns dias, por compaixão de Yadavacarya e o desejo de libertá-lo, ele novamente começou a estudar sob sua orientação.
Depois de alguns anos, Ramanuja converteu Yadavacarya à filosofia Vaisnava, quando então seu professor tornou-se seu discípulo. Posteriormente, Ramanuja começou a ouvir sobre as qualidades de um grande guru Vaisnava do Sul da India, que se chamava Yamunacarya, e ele se tornou discúpulo de Yamunacarya.
A Esposa Briguenta
Mais tarde ele se casou, e sua esposa era muito briguenta. Seu comportamento era rude e difícil, e incidentes frequentemente ocorriam, tendo que tolerá-los de alguma forma.
Um discípulo de Yamunacarya e irmão espiritual mais velho de Ramanuja chamado Kancipurna veio para a aldeia de Ramanuja junto com sua esposa. Ramanuja aceitou Kancipurna como seu siksa-guru. Um dia, quando a esposa de Kancipurna estava pegando água de um poço, ela conheceu a esposa de Ramanuja, que também tinha vindo ao poço tirar água. Só que, ao pegar a água do poço, um pouco da água do pote da esposa de Kancipurna espirrou no pote da esposa de Ramanuja. Embora este tenha sido um pequeno acidente, a esposa de Ramanuja ficou furiosa e insultou a esposa de Kancipurna com linguagem abusiva. Kancipurna ficou magoado quando mais tarde ouviu falar sobre isso e, sem informar a Ramanuja, ele e sua esposa partiram dali e foram para Sri Rangam.
Quando Sri Ramanuja veio a saber que o comportamento de sua esposa tinha ofendido uma Vaisnava, ele se sentiu muito mal e pensou: “Ela está cometendo vaisnava-aparadha; ela tem uma mentalidade ofensiva. Devo fazer algo.”
O Truque
Certa vez um, brahmana faminto veio até Ramanuja, pedindo-lhe um pouco de comida. Ramanuja enviou este brahmana para sua esposa, dizendo-lhe: “Vá até a minha casa e diga a minha esposa que eu mandei você. Ela lhe dará algum alimento.”
Quando o brahmana chegou até a esposa de Ramanuja, ela o insultou de forma audaciosa repetidas vezes, dizendo que ele deveria sair de lá, e que não havia alimento para ele.
Voltando até Ramanuja, o brahmana relatou o que havia acontecido, e Ramanuja respondeu: “Espere aqui por alguns minutos.”
Ele saiu e escreveu uma carta para sua esposa, como se esta tivesse sido escrita por seu pai, dizendo: “Oh minha querida filha, estou providenciando o casamento de meu filho, seu irmão, e você deve vir. Por favor, traga o seu marido com você . “
Escrevendo estas belas palavras, ele dobrou a carta e a amarrou em fios coloridos. E, junto a ela, ele enviou um coco e outros artigos auspiciosos. Ele então deu a carta para o brahmana e disse: “Retorne a minha esposa. Ela o receberá muito bem agora.” O brahmana retornou até ela, que depois de ler a carta, mudou totalmente seu comportamento. Desta vez, ela o recebeu calorosamente e docemente, oferecendo-lhe todos os tipos de alimentos saborosos e doces. Quando Ramanuja voltou para casa, sua mulher lhe contou sobre o casamento. Ela falou sobre o pedido de seu pai, que solicitava que ambos viessem, e pediu-lhe para satisfazê-lo.
Ramanuja disse: “Não, eu não posso ir, porque estou muito ocupado;. Você pode ir com este brahmana. Não demore.”
Aceitando Sannyasa
Depois que sua esposa partiu com o brahmana, Ramanuja trancou a porta de sua casa e foi para Sri Rangam ao encontro de seu Gurudeva, Yamunacarya. Ele queria receber sannyasa dele, mas quando chegou em Sri Rangam, descobriu que Sri Yamunacarya tinha acabado de falecer e seus discípulos estavam caminhando em uma procissão funeral com seu divino corpo. Ramanuja sentiu-se muito desanimado e triste. Pediu-lhes para parar por um instante. Ele queria que descobrissem o corpo transcendental, para que ele pudesse receber o darsana da forma divina de seu Gurudeva. Ele observou que todos os dedos de uma das mãos de seu Gurudeva estavam abertos, e, do outro lado, três dedos estavam fechados. Ele perguntou a todos os discípulos em volta o por que disso, e queria saber quando havia acontecido.
Ninguém podia responder. Eles disseram: “Nós não percebemos isso antes, deve ter ocorrido exatamente agora.”
Ramanuja ficou em silêncio, e depois de algum tempo ele falou, dirigindo-se ao corpo transcendental de Sri Yamunacarya. Ele disse: “Agora, eu escreverei um comentário Vaisnava do Vedanta, e eu pregarei este comentário Vaisnava por toda a India.” Um dedo se abriu, e Ramanuja falou mais: “Eu aceitarei tridandi-sannyasa neste exato momento, e pregarei a mensagem do vaisnava-dharma e seus ensinamentos.”
Quando Sri Yamunacarya ouviu isso, o seu segundo dedo se abriu! Ramanuja então disse: “Vou escrever sistematicamente sobre etiqueta Vaisnava, explicar o comportamento necessário para realizar serviço devocional puro, e sobre que precauções devem ser tomadas para tal. Eu pregarei isso por toda a India.”
Após proferir esta terceira declaração, Sri Ramanujacarya observou, juntamente com todos os presentes, que três dos dedos de Yamunacarya estavam agora abertos. Dessa forma, Sri Ramanujacarya aceitou formalmente sannyasa tridandi de Sri Yamunacarya!
O Discípulo Ideal
Qual é o dever de um discípulo ideal? Ele não deve meramente estar com gurudeva; ele deve tentar doar toda sua energia através do corpo, mente e palavras, e tentar servi-lo de acordo com os desejos dele. Ele não deve apenas estar presente fisicamente, pensando que algo emocionante acontecerá, enquanto permanece sem entusiasmo para servir. Este não é um discípulo, mas algo completamente oposto. Um verdadeiro discípulo deseja sempre, com o seu coração e mente, servir seu Gurudeva da melhor forma.
Sri Ramanujacarya tinha agora formalmente recebido iniciação de Sri Yamunacarya. Mais tarde, todos os discípulos de Yamunacarya, que eram grandes eruditos e tinham servido seu Gurudeva por tantos anos, se juntaram a ele. Tendo visto as características extraordinárias da personalidade de Sri Ramanujacarya, eles decidiram coletivamente que deviam nomeá-lo como o próximo acarya após seu Guru, e o honraram com o assento de acarya, em Sri Rangam. Sri Ramanujacarya aceitou as ordens de seus irmãos espirituais, mas antes de se sentar e agir como acarya, ele foi até cada um deles, e permaneceu por dois, quatro, seis meses ou um ano, e os serviu. Ele formalmente se esforçou para compreender os ensinamentos de Sri Yamunacarya, já que não havia tido a oportunidade de passar muito tempo com ele. Depois de servir e satisfazer seus irmãos espirituais, Sri Ramanujacarya iniciou seu papel como acarya da Sri Sampradaya, em Sri Rangam.
Sampradaya em Sri Rangam
Devemos seguir cuidadosamente o exemplo de Ramanujacarya. Não só devemos intimamente servir nosso Gurudeva, mas devemos também respeitar e honrar devidamente os nossos irmãos e irmãs espirituais.
Se alguém é sênior a nós, tendo servido nosso gurudeva por mais tempo, devemos mostrar grande honra por essa pessoa. Se alguém é igual a nós, devemos dar respeito amigável a ele, e se encontramos alguém em uma posição inferior a nossa, porém determinado a aprender, devemos ser sempre misericordiosos.
Devemos tentar realizar serviço devocional de uma forma muito harmoniosa!
Refutando os Impersonalistas
Quando Sri Ramanujacarya tornou-se oficialmente o acarya, ele iniciou a pregação do culto a Sri Yamunacarya muito fortemente. No sul da India, duas seitas impersonalistas são muito proeminentes: Saiva e Sankaracarya. Os seguidores de Sankaracarya aceitavam os Vedanta-sutras como: “sarvam kalvidam brahma” e “tat tvam asi”. Eles pensam ser o brahma impessoal, e eles acham que tudo vem de brahma. A Escola Saiva considera o Senhor Shiva como sendo a verdade suprema, e eles querem fundir-se nele. Esta é a diferença básica entre os dois. Sri Ramanujacarya refutou e derrotou todo o impersonalismo, por sua pregação forte e efetiva.
Jay Sri Ramanujacarya ki! Jay!!!