Uma Breve Biografia:
trnad api sunicena
taror api sahisnuna
amanina manadena
kirtaniyah sada harih.
Deve-se cantar o Santo Nome do Senhor no humor de plena humildade, pensando ser inferior à folha de grama caída na rua; ser mais tolerante que uma árvore, concedendo tudo a todos; ser completamente desprovido do senso de falso prestígio e estar pronto a oferecer pleno respeito ao próximo, sem esperar nenhuma honra em troca. Em tal condição mental, pode-se cantar o Santo Nome do Senhor constantemente.
(Sri Siksastaka- verso 3)
Sri Srimad Goura Govinda Swami Maharaja viveu praticamente toda a sua vida baseada nesse verso. Ele costumava dizer: “Este é o ensinamento mais importante de Mahaprabhu! Srila Kaviraja Gosvami dizia: ‘Faça uma guirlanda deste verso, e coloque-a em seu pescoço, então faça hari-bhajana.’ Este é o mais importante ensinamento de Mahaprabhu. Mahaprabhu é o acarya ideal. Como um acarya ideal, Ele ensinava na prática. Ele mesmo praticou em sua própria vida. Ele nunca falava teoricamente! “
O Acarya Ideal
Srila Goura Govinda Swami Maharaja apareceu neste mundo no dia 2 de setembro de 1929 (o dia do aparecimento do Santo Bhaktivinoda Thakura) em uma pequena cabana feita de barro, em uma aldeia de Jagannatha Puri, na Orissa, India, em uma família de Vaisnavas puros. Seu nome era Braja Bandhu Manik. Seu avô, Bauri Giri, era um devoto puro do Senhor Krsna e famoso na área como um paramahamsa-vaisnava (santo muito elevado). Ele cantava constantemente o maha-mantra Hare Krsna e adorava a deidade da família, Sri Gopaljiu. As famílias de ambos os lados, sua mãe e seu pai, são Vaisnavas a séculos, o que remonta ao tempo de Sri Syamananda Pandita Thakura e, anteriormente na Bengala por muitas gerações. Em sua juventude, ele viveu a maior parte de seu tempo com sua família materna, os Giris, na aldeia de Gadei Giri. Os Giris eram Gaudiya Vaisnavas famosos por serem peritos em kirtana. Sua aparição divina neste mundo não foi algo comum. Todos os sintomas de um maha-bhagavata estiveram presentes nele, por toda sua vida.
“A história de vida de muitos desses devotos é quase sempre a mesma, existindo sempre uma semelhança no estágio inicial da vida de todos esses grandes devotos do Senhor.”
(SB 2.3.15)
Com a idade de oito anos, ele já tinha lido o Sri Caitanya Caritamrta, o Srimad Bhagavatam, o Bhagavad-gita e o Ramayana, e era capaz de explicar seus significados. Seu amor pelo Srimad Bhagavatam era profundo, mesmo em sua idade tão jovem.
Como um jovem garoto, ele passava o tempo cantarolando para Sri Gopaljiu e oferecendo a ele seus serviços. Ele regularmente acompanhava seu avô e tios padayatra de aldeia em aldeia cantando o Hare Krsna maha-mantra e as canções de Srila Narottama Dasa Thakura e de outros Vaisnava Acaryas desde sua infância. À noite, ele lia o Srimad Bhagavatam à meia- luz, oriunda do fogão, pois a família não tinha dinheiro para lâmpada a óleo.
Quando em sua infância, ele fazia malcriação e não parava de chorar, a mãe simplesmente colocava o Srimad Bhagavatam em suas mãos e ele então parava de chorar. Ele tinha tal forte tendência a ler o Srimad Bhagavatam, que se estivesse lendo, esquecia-se de tomar suas refeições. A família era muito pobre para dispor de velas ou lâmpada para leitura, de modo que, à noite, ele sentava-se perto do fogão e lia o Srimad-Bhagavatam, e após, dormia segurando o Srimad Bhagavatam em seu peito.
Uma família de Vaisnavas
Sua mãe e seu pai gostavam muito de estudar e ler as escrituras. Eles liam regularmente para seu filho. Srila Goura Govinda Swami Maharaja lembra:
“Eu ouvia regularmente o Krisna katha dos meus pais, eles liam diferentes Puranas para mim, bem como outras literaturas védicas: Srimad Bhagavatam, Mahabharata, etc. Tal foi a oportunidade que recebi em idade tão jovem! Desde esse tempo eu cantava, dançava, fazia kirtana e ouvia o Srimad Bhagavatam.” Seu pai lia para ele o Srimad Bhagavatam, os doze cantos completos, uma vez ao ano. E ele era completamente absorto em amor puro por Sri Sri Radha Gopal Jiu.
Em 1952 sua mãe providenciou seu casamento. Em 1955, quando seu pai faleceu, a responsabilidade financeira da manutenção da família pendeu sobre seus ombros. Após a obtenção de diplomas acadêmicos da Universidade de Utkal, ele assumiu o serviço do governo como professor da escola. Embora neste período estivesse ocupado e com o peso das responsabilidades familiares e de ensino, ele mantinha um estrito sadhana diário (disciplina espiritual) que começava às 04:00hs da manhã, cantando Hare Krsna, adorando Tulasi e falando sobre o Bhagavad-gita. Por toda sua vida ele fazia registros em seu diário em forma de orações para Sri Gopaljiu. Em 1973, os registros frequentemente mencionavam seu desejo de renunciar à vida familiar. A seguir, trechos do livro “Gopaljiu, a Deidade amada de Srila Goura Govinda Swami:”
“Oh Prabhu Gopal, por favor, faça-me um sannyasi yogi. Eu não preciso de nada Prabhu! Eu não estou pedindo a você opulência material, respeito, glória ou qualquer outra coisa. Você pode dar essas coisas para o meu irmão mais novo, o Kripa Sindhu . Deixe-o manter nossa família. Faça-me um samsara-vairagi-yogi, um renunciante da vida familiar. Deixai-me pedir por prema-dhana, a riqueza do amor a Deus, deixe-me distribuir Prema (amor) e Ananda (felicidade)! Deixe-me te servir! Derrame sua misericórdia sobre mim Prabhu! Por favor, abençoe-me com prema-bhakti, amor extático por você! ”
Em abril de 1974, ele deixou sua vida familiar e recebeu o nome de Goura Gopal. Goura de Sri Caitanya Mahaprabhu e Gopal de seu amado Sri Gopaljiu.
Lembranças de Ghanashyam Giri
“Ele chegou no templo de Gopal por volta das 14:00hs. Geralmente o arati para Gopal começa às 12:00hs e por volta de duas horas o arati já acabou e todos honram prasada. De alguma forma, nesse dia a chave foi perdida e o serviço a Gopal foi adiado. Quando Gurudeva chegou, o arati estava apenas começando. Acho que Gopal fez esse arranjo para que Ele fosse capaz de ver seu querido devoto.”
Após o arati do meio-dia, Goura Gopal lia o Bhagavad-gita e Rama-carita-manasa aos devotos. Com a voz embargada, ele cantava o seguinte verso, onde o Senhor Ramacandra diz: vane gale muhin muni-jane bheti sarthaka koribi prana.” Se eu for para a floresta, conhecerei tantos sadhus e, dessa forma, realizarei o desejo de minha vida.”
Naquela noite, Goura Gopal tinha previsto descansar no templo de Gopal. No final da noite, Goura Gopal acordou um dos devotos e lhe disse: “Eu recebi uma ordem de Gopal. Serei um sannyasi.” Na parte da manhã, Goura Gopal disse aos devotos:
“Eu estou partindo. Vocês são todos grandes kirtaniyas. Sempre façam kirtana para Gopal. Cuide de Gopal. Gopal é o Filho de Nanda Maharaja. Ele não deve permanecer assim. (Sri Gopaljiu estava sendo adorado em um templo humilde, construído de barro e palha.) Vamos cooperar juntos para ajudar a manter e desenvolver o local de Gopal. “
Toda sua vida antes de conhecer seu mestre espiritual, Sua Divina Graça AC Bhaktivedanta Swami Srila Prabhupada, foi de pureza, preparação e devoção. Em busca de seu eterno mestre espiritual, ele saiu de casa com apenas duas ganchas (dhotis curtos), uma vara de bambu, um pote para esmolar, e sem nenhum dinheiro. Ele dependia completamente de Krisna, para qualquer coisa. Ele ia a pé a todos os lugares e falava sobre Krisna para os devotos, comia o que Krisna lhe ofertava, e dormia sob qualquer árvore durante a noite. Como um mendigo, ele visitou muitos tirthas (locais santos), dos Himalaias ao Cabo Comorim no Sul da India. Em um darsan, em 1989, Srila Goura Govinda Swami relembra:
“Eu nasci aqui em Orissa. Muitos Vaisnavas estão aqui. Há tantas Mathas de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Gosvami aqui em Orissa. Eu conheço muitos Vaisnavas. Nasci em uma família Vaisnava. Na minha infância, fui atraído para Mahaprabhu. Desde cedo, eu realizava sankirtana e adorava Radha e Krisna. Na minha família nós estávamos lendo o Srimad Bhagavatam. Nasci em tal atmosfera. Mas eu tinha que buscar um Guru fidedigno. Andei do Himalaia até Kanya Kumari, por toda a India. Embora eu conhecesse muitos Vaisnavas, eu não estava satisfeito com eles.
Eu era um professor do ensino médio. Eu abri mão do meu serviço. Abandonei minha família. Eu tinha sete filhos. Eu tinha terras e propriedades, 25 anos de serviço no Governo com uma boa pensão, mas eu deixei tudo e sai de casa. Eu procurei por toda a India e conheci muitos Vaisnavas e muitos jnanis e yogis místicos. Eu discutia muitos tópicos com eles. Eu dizia a eles sobre as afirmações do sastra:
harer nama harer nama
harer namaiva kevalam
kalau nastyeva nastyeva
nastyeva gatir anyatah
Apenas o cantar dos santos nomes de Krsna é o yuga-dharma em Kali Yuga, o processo para essa era. Por que nós precisamos fazer todas essas ginásticas, hatha-yoga, dhyana-yoga, etc?
Ao final, eles me pediram para sair. Eu disse: “Tudo bem, obrigada. Estou indo.” Depois de perambular por todos esses lugares, finalmente cheguei à Vrindavana. Esse era o meu objetivo final. Eu pensei: “Deixe-me finalizar a peregrinação em todas as partes da India e, finalmente, eu partirei para Vrindavana. Vrindavana é a querida terra de Krsna. Acredito plenamente que Krsna derramará Sua bênção sobre mim em sua amada terra de Vrindavana. Naquela época, eu era um sadhu errante. Eu tinha acabado de colocar a roupa açafrão, então externamente, eu parecia ser um sadhu. “
Em Sri Vrindavana dhama, Srila Goura Govinda Swami Maharaja recebeu uma revista “De Volta ao Supremo”, de um devoto da ISKCON. Srila Goura Govinda Swami Maharaja relembra:
“Eu olhava para a revista, porque eu estava em busca de três coisas: Bhagavata, Krsna e Mahaprabhu. Onde está isso? Oh, oh, sim, isso está aqui! Eu encontrei aqui! Eu encontrei isso em Vrindavana!” Eu pensei: “Sim, depois de andar por todas as partes da India, em Vrindavana, a amada terra de Krisna, Ele poderá satisfazer meu desejo aqui. Oh, aqui está! Sim, Bhagavata, Krsna, Mahaprabhu. Oh! O que estou procurando está aqui! Eu consegui!” Então, eu perguntei: “O Fundador Acarya Sua Divina Graça AC Bhaktivedanta Swami Prabhupada, ele está por aqui?” E, felizmente, ele estava lá! Felizmente! “
Srila Goura Govinda Swami conheceu Sua Divina Graça AC Bhaktivedanta Swami Prabhupada pela providência transcendental de Sri Vrndavana dhama. A data desse evento foi dia 15 de setembro, 1974. O primeiro encontro com Srila Prabhupada em Sri Vrindavana dhama pode ser melhor expresso através de suas próprias palavras:
“Era por volta de meio-dia e Prabhupada já tinha almoçado. Ele estava sozinho em seu quarto, sentado em uma cadeira. Então Brahmananda entrou e disse que um sadhu havia chegado e queria conhecê-lo. Eu estava vestindo uma roupa açafroada, e dessa forma estava parecendo um sadhu, apenas parecendo! Aquilo foi um arranjo de Krsna, do paramatma. Prabhupada disse: “Sim, chame-o, chame-o.” Então eu fui e ofereci dandavats, ele olhou para mim e perguntou: “Quem é você? Qual é o seu nome? ” Eu respondi: “Goura Gopalananda Dasa”. Ele olhou para mim e disse: “Oh, você recebeu sannyasa?” Eu disse: “Não.” Ele respondeu: “Então eu vou lhe dar sannyasa.” Eu imediatamente pude compreender: “Oh, isso é obra do paramatma. O que eu procurava, agora eu encontrei. Sim, eu consegui agora. Eu consegui. Veja só, isso é um arranjo de Krsna. Como podemos encontrar nosso Guru? O que está no seu interior, ele expressará, veja só! Apenas duas ou três perguntas ele me fez. Imediatamente me rendi! Eu imediatamente disse, sim ! “
Duas semanas mais tarde, em Sridham Mayapur, Srila Prabhupada deu-lhe a primeira iniciação, a segunda iniciação em Bombaim em curto espaço de tempo e logo depois sannyasa em Sri Vrindavana dhama, no Sri Ramanavami, 20 de abril de 1975, na inauguração da ISKCON, no templo Sri Sri Krisna Balarama Mandir, em Vrindavana. Tudo se sucedeu rapidamente. Srila Gour Govinda Swami Maharaja relembra:
“Naquele momento eu recebi diversos serviços para fazer. Eu limpava as panelas grandes, handas, cozinhava prasada, enrolava chapatis, carregava grandes baldes de água, e limpava. Todas essas coisas eu estava fazendo. Inicialmente, sim, todo serviço é serviço a Krsna. Quando me envolvi com a escrita, acabaram-se todos os outros tipos de serviço. Ao longo dos dias, os devotos comiam e falavam: “Oh tão doce banquete hoje. Quem cozinhou? Este sannyasi cozinhou. Sannyasi Mayavadi! (risos!).Oh, a prasada hoje está tão doce, tão doce, nunca experimentei isso antes! ” Sempre que eles comiam, eles falavam dessa forma.
Um devoto de Nascimento
Srila Prabhupada citou o seguinte verso do Bhagavad-gita, no momento de dar sannyasa a Srila Goura Govinda Swami:
sri-bhagavan uvaca
anasritah karma-phalam
karyam karma karoti yah
sa sannyasi ca yogi ca
na niragnir na cakriyah
“A Suprema Personalidade de Deus disse: aquele que não está apegado aos frutos de seu trabalho e que trabalha de acordo com suas obrigações, está na ordem de vida renunciada e é o verdadeiro místico, e não aquele que não acende nenhum fogo e não executa nenhuma dever. “(BG, 6.1)
Ele proferiu este verso e disse: “Ele é um sannyasi verdadeiro”, e em seguida, deu-lhe o mantra de sannyasa e a danda. Pouco tempo depois, muitos sannyasis e membros do GBC perguntaram: “Como ele recebeu sannyasa? Ele é um homem jovem.” Então, Srila Prabhupada lhes disse: “Ele é um devoto desde o nascimento! Vocês é que são homens jovens. “
Srila Prabhupada dizia, em relação a Srila Goura Govinda Swami: “Krsna o enviou!”
Instruções de Srila Prabhupada
Sua Divina Graça AC Bhaktivedanta Swami Srila Prabhupada durante esse tempo ainda não tinha estabelecido nenhum templo da ISKCON na área de Orissa. Ele disse a Srila Goura Govinda Swami no dia de seu harinam-diksa em Sridham Mayapur: “Você me levará para Orissa.” Orissa é o lugar onde o Senhor Caitanya Santo realizou seus passatempos mais confidenciais, a lila de separação. Bhubaneswar é também a porta de entrada para Sri Jagannatha Puri dhama.
Srila Prabhupada deu a Srila Goura Govinda Swami três importantes instruções:
1. Ficar em Orissa e construir um templo como o de Sri Jagannatha Puri, em Bhubaneswar.
2. Traduzir livros de Srila Prabhupada em Oriya.
3. Aceitar discípulos e treiná-los, e pregar por todo o mundo.
Sob a ordem de Srila Prabhupada, Srila Goura Govinda Swami, sozinho, passou por dificuldades extremas para começar a construção de um templo magnífico. Em fevereiro de 1977, o ano do desaparecimento físico de Srila Prabhupada, Srila Prabhupada chegou em Bhubaneswar e esperou dezessete dias para colocar a primeira pedra no templo da ISKCON, Sri Sri Krishna Balarama Mandir. Este seria o templo 108 e o último projeto fundado de Srila Prabhupada. Srila Prabhupada disse: “Este templo será um dos melhores templos da ISKCON no mundo e será o coração da cidade.”
A tradução dos livros de Srila Prabhupada em Oriya era um dever diário e sagrado. Ele tinha como costume não comer nada até que ele completasse sua cota de tradução diária. Mesmo depois de longos vôos internacionais, ele insistia em primeiramente completar o trabalho de tradução confiado a ele por seu mestre espiritual, antes que ele fosse comer ou dormir. Ele manteve esta prática durante toda a sua vida. Hoje, esses livros são impressos no terreno do templo na gráfica BBT local e distribuídos por toda a Orissa.
Em relação a aceitar discípulos e se tornar Guru, com humildade, Srila Goura Govinda Swami revelou a Srila Prabhupada que ele desejava ser a cauda (seguidor) e não o cabeça (mestre). Srila Prabhupada disse: “Você deve ter seus próprios homens e treiná-los. Você deve aceitar discípulos, caso contrário, como você poderá administrar?” Eu disse: “Eu não quero ser o cabeça, eu quero ser a cauda.” Srila Prabhupada respondeu: ” Mas Eu quero!” E ele respondeu: “Tudo bem.” Eu sei que para se tornar chefe, significa que muitas surras virão. Mas Prabhupada disse: “Eu quero!” Então ele pensou: “Se esse é o seu desejo, então eu devo aceitar todas essas agressões na cabeça. Tudo bem, muito bom. Isso satisfará meu Guru.”
Srila Goura Govinda Swami aceitou formalmente administrar como guru em 28 de Fevereiro de 1985, e em 1987 tornou-se o responsável no corpo de comissão da ISKCON em Orissa.
Jay Srila Goura Govinda Swami Maharaja ki! Jay!!!