Dandavat Pranamas! Todas as glórias a Sri Sri Guru e Gauranga! Em 2022, no dia 10 de maio, celebramos o aparecimento de Sita-devi, a consorte transcendental do Senhor Ramacandra. A seguir, oferecemos uma glorificação dada por Srila Gurudeva, em Mathura, no dia 13 de abril de 2000.
Por Tridandisvami Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja
Mathura, 13/04/2000
Janaka Maharaja deu a definição de Bhakti a Bharata, irmão do Senhor Rama:
anyabhilasita-sunyam, jñana-karmady-anavrtam,
anukulyana krishnanu-silanam bhaktir uttama.
“Aquele que não tem outro desejo além de satisfazer a Krsna, e que não é influenciado pelo processo de jnana-marga (cultivo do conhecimento), karma, e assim por diante, está situado em Bhakti pura”.
O rei lhe disse que nada pode controlar prema (amor puro de Deus), pois este possui sua própria lei. Aquele que é dotado de prema sempre considerará os desejos do seu objeto de amor, sem interesses pessoais. Ele sempre pensará: “Como meu amado ficará satisfeito? Nosso verdadeiro propósito é satisfazer a nossa deidade adorável, Deus e Guru, e não a nós mesmos”.
Depois que Ravana foi morto, Sita devi passou pelo agni pariksa, o teste de fogo. Evidente que, Maya-Sita entrou no fogo e a verdadeira Sita devi permaneceu ilesa – provando que ela era completamente pura e casta. Rama então deu o reino de Ravana a Vivisana, irmão de Ravana, e depois disso ele levou Sita devi e todos os seus associados para Ayodhya em um avião místico. Havia milhões de associados, mas esse avião conseguiu se expandir para que pudessem se encaixar nele.
Em sua jornada, Rama mostrou a Sita todos os lugares onde eles tinham desfrutado de passatempos juntos, ou onde Ele e Laksmana haviam matado vários demônios. Por exemplo, Rama dizia: “Oh veja, aqui é onde nós construímos a ponte para Lanka, você se lembra?” Quando chegaram a Kishkinda, onde todos os companheiros do macaco de Rama moravam, eles pararam. Sita devi então convidou todas as esposas dos macacos para embarcar no avião, pois elas também estavam muito interessadas em ver a coroação de Rama.
A festa durou uma noite e depois, todos foram para Citrakut. Hanuman recebeu a forma de um brahmana e foi para o lugar onde Bharata estava hospedado em Nandigram. Bharata estava vivendo uma vida de renunciante, vestindo uma roupa simples, com cabelos emaranhados e vivendo de frutas e raízes, e todos os seus ministros viviam da mesma maneira. Sob o disfarce de um brahmana, Hanuman se aproximou de Bharata e disse: “Oh Bharata Maharaja, Rama chegou. Prepare-se para recebê-lo!” Ao ouvir que o seu querido irmão havia finalmente retornado, ele ficou muito feliz e desmaiou. Quando retornou a consciência, ele disse: “Eu quero lhe dar muitos presentes. Então, por favor, aceite 18.000 vacas, quantas belas mulheres você desejar, cavalos e outras riquezas. Ainda não posso lhe dar nada igual ao valor das notícias que você me trouxe”. Hanuman então retornou à sua forma original, e Bharata disse: “Oh, você é Hanuman!”
Depois da cerimônia de abhiseka de Rama, ele queria dar muitos presentes a todos. Sita devi pensou em um belo presente para dar a Hanuman, então ela deu a ele o mais belo colar de pérolas. Hanuman pegou, examinou e quebrou o colar, fazendo com que as pérolas se espalhassem pelo chão. Sita devi ficou surpresa e perguntou: “O que você está fazendo?” Hanuman respondeu: “Oh, eu estava apenas vendo se ‘Rama’ está escrito em algum lugar aqui.” “Mas você não sabe que Rama está em seu coração?”, ela disse. Ao ouvir isso, Hanuman rasgou seu próprio peito. Desta forma, os associados de Rama nos ensinam que tudo o que é dado aos outros deve estar relacionado a Krishna.
O Senhor Rama e Sita Devi ficaram juntos por muitos anos, e todos ficaram muito felizes com seu reinado. No entanto, algumas pessoas criticaram Rama por aceitar Sita depois de ela ter estado no palácio de Ravana. De acordo com os princípios védicos, é inaceitável receber de volta a esposa depois dela estar ausente por uma noite, o que dizer um ano. Certa noite, a esposa de um lavador chegou tarde em casa, e seu marido imediatamente disse a ela que não poderia entrar em casa. Ele a expulsou dizendo: “Eu não sou como Rama, que aceitou sua esposa depois que ela esteve com outro homem”.
Esta notícia se espalhou e a história chegou até Rama. Ele ficou muito perturbado e percebeu que precisava fazer algo. Como ele poderia governar um reino no qual algumas pessoas não tinham fé nele? Ele convocou uma reunião pedindo a todos os seus irmãos que viessem, mas nenhum deles era capaz de lhe dar qualquer tipo de conselho. Ele mesmo então percebeu o que deveria fazer. Lembrou-se de que Sita desejara visitar todos os sábios da floresta e dar a eles vários presentes. Ele pediu a Laksmana para levá-la ao asrama daqueles sábios, entregar sua triste mensagem a ela e depois deixá-la na floresta. Laksmana ficou arrasado por ter sido chamado para tal tarefa, mas não podia negar já que era o irmão mais novo de Rama. Ele, portanto, teve que aceitar essa responsabilidade.
Sumanta era o cocheiro da carruajem de Laksmana e, além disso, um grande ministro de Rama. Laksmana contou tudo sobre a ordem de Rama a Sumanta e disse: “Minha vida é repleta de misérias. Hoje ocorreu a maior calamidade da minha vida!” Eles passaram por Prayag e atravessaram um rio. “O asrama de Valmiki é aqui”, disse Laksmana a Sita. Então, com o coração partido, ele disse a ela: “Todos estão acusando Rama de aceitar uma esposa impura. Agora, muitas pessoas não têm fé total nele. Dessa forma, como é possível que ele governe o reino e guie os cidadãos corretamente?”
Quando Sita devi ouviu isso, ela desmaiou. Quando ela recuperou a consciência, ela disse: “Eu não quero criar nenhuma dificuldade para ele, nem que seja perturbado. Por favor, preste minhas reverências a todos. Laksmana, eu quero orar aos seus pés de lótus, pois ofendi você duas vezes. Na primeira noite em Ayodhya, depois da nossa cerimônia de casamento, eu proibi você de massagear os pés de lótus de Rama. Esta foi o seu serviço durante muitos anos, e eu o privei disso Quando você perguntou a Rama sobre isso, ele não pôde responder. Então perguntamos ao grande sábio Vasistha e ele disse: “Os deveres agora devem ser divididos. Laksmana deve ficar com todos os deveres externos da casa, e Sita deve cuidar dos deveres internos. E Sita devi agora deve desempenhar todos os deveres internos da casa. Assim ficou decidido.
“Em segundo lugar, certa vez fui atraída por um veadinho na floresta quando estávamos no exílio. Ouvi Marici gritar: ‘Socorro Laksmana!’ Supondo que fosse a voz de Rama, eu lhe disse para ir imediatamente ajudá-lo. Você disse: ‘Não Sita, isso é uma ilusão criada por um demônio’. Eu insisti e lhe disse: ‘Eu sei sobre a verdade. Você é um espião de Bharata e nutre sentimentos intensos por mim. É por isso que não quer salvar seu irmão!’ Estas palavras perfuraram seu coração. Você respondeu que me via como sua mãe e que nunca sequer tinha olhado para o meu rosto, mas apenas para os meus pés, e não tolerou essas palavras tão duras Então, você foi ao encontro de Rama, que o castigou dizendo: ‘Por que você acreditou nas palavras dela?’ Ravana veio até aqui e implorou ‘biksana dehi’ (esmola) por três vezes. Por eu não querer sair do círculo de proteção, ele me ameaçou: ‘Eu te amaldiçoo. Seu marido morrerá se você não me der nada!’ Por isso, por favor, perdoe-me por essas ofensas”.
Depois de deixar Sita devi na floresta, Laksmana lamentou: “Ai de mim! Certamente abandonarei minha vida!” Sumanta tentou pacificá-lo e contou-lhe a verdade. “Uma vez eu estava com Dasaratha Maharaja, e, naquela época, dois sábios Vasistha Rsi e Durvasa Muni, vieram visitá-lo. Maharaja Dasaratha os serviu muito bem e então pediu que eles gentilmente lhe contassem sobre o futuro de seus quatro filhos. Vasistha Rsi permaneceu em silêncio e Durvasa Muni respondeu dizendo: “Oh, você tem quatro filhos. Excelente.”. Dasaratha Maharaja disse: “Sim, primeiro me fale sobre o futuro de Rama”. Durvasa disse: “O futuro de Rama será indubitavelmente cheio de misérias. Ele terá que deixar Ayodhya, e todos lá sentirão uma saudade insuportável Dele. Você não será capaz de suportar Sua ausência, e morrerá da dor de separação. Posteriormente, Rama terá que se separar de sua esposa, e depois de sofrer imensamente, eles se encontrarão. Então novamente, terão que se separar, e Rama governará o reino sozinho sem sua esposa. Não fale sobre isso a ninguém”. Dasaratha Maharaja ficou emestado de choque, mas prometeu que não falaria o que ouvira a ninguém. Ele disse: “De hoje em diante serei seu discípulo”.
Tendo ouvido isto de Sumanta, Laksmana percebeu que seu irmão Rama é de fato o Supremo Senhor Vishnu. Sumanta continuou contando a Laksmana a história que Durvasa Muni disse a Dasaratha Maharaja: “Certa vez, uma grande batalha sucedeu entre os semideuses e os demônios. Os demônios foram derrotados e se abrigaram na esposa de Brghu Maharaja, que muito misericordiosamente, os aceitou. Os semideuses foram até o Senhor Vamanadeva e lhe contaram a situação. Ele então pegou a sua cakra (arma divina) e decapitou a esposa de Brghu Maharaja. Brghu Maharaja ficou muito irritado e amaldiçoou Vamanadeva dizendo: “Você é responsável pela morte da minha esposa. Eu a amava muito. Agora terei que sofrer de tanta dor de separação dela. Por isso eu te amaldiçoo a ter que sofrer da mesma maneira no futuro. Você terá uma esposa muito bela que lhe servirá de todas as maneiras. Você ficará completamente satisfeito e encantado com a sua graça e charme feminino, e com suas qualidades santas. Você se separará dela, e sofrerá imensamente com essa dor de saudade”. Ao ouvir isso, Vamanadeva aceitou a maldição com alegria. Ele sabia que no futuro o mundo inteiro seria beneficiado por isso. Além disso, isso era apenas um pretexto, pois a separação naturalmente aumenta a felicidade do encontro.
Sita devi estava caminhando em direção ao asrama de Valmiki Rsi, quando alguns de seus brahmacaris (estudantes) a viram. Eles informaram a Valmiki que uma donzela semelhante a uma semideusa estava chegando. Valmiki saiu para cumprimentá-la e imediatamente a reconheceu. Ele disse: “Oh, você é Sita devi, a esposa do Senhor Rama. Eu sei disso porque escrevi o Ramayana. Por favor, entre”. As senhoras ficaram muito contentes em ver Sita devi e disseram: “Oh, por favor, permita-nos servi-la”. Valmiki as instruiu em como servir Sita da forma mais apropriada.
Quando Rama enviou Satrughna para Mathura, este chegou próximo ao asrama de Valmiki no caminho. Ele prestou reverências a Sita devi e seus filhos, Luv e Kush, à distância. Luv e Kush eram crianças muito inteligentes. Valmiki era perito em artilharia, canto e música, e ele ensinou a Luv e Kush essas artes. Dessa forma, eles cantavam em todos as ragas muito docemente. Valmiki também ensinou a eles o Ramayana.
Em todo o reino, não havia ninguém para consolar Rama. No entanto, as senhoras estavam presentes para consolar Sita devi no asrama de Valmiki. Certo dia, Rama virou-se para Vasistha Rsi e disse: “Por favor, realize uma cerimônia de sacrifício.” Vasistha respondeu: “Para que isso aconteça, você deve trazer sua esposa de volta”. “Oh, eu não posso fazer isso.” “Então você deve se casar novamente”, ele insistiu. Rama disse: “Não é possível”. “Então você terá que manifestar uma deidade de ouro de Sita devi.” Dessa forma, Vasistha realizou a cerimônia de sacrifício. De fato, todos os anos ele realizava uma grande cerimônia sacrificial para Rama, perto de Naimisaranya, às margens do rio Gomati, com uma nova deidade de ouro de Sita devi a cada ano.
Em um ano, muitos reis e sábios foram chamados, e Valmiki veio com Luv e Kush (filhos de Rama). Os meninos eram extremamente belos, com peitos largos e cinturas esbeltas. Em um momento de descanso, Valmiki pediu-lhes para cantarem o Ramayana. Eles tinham vozes melodiosas, e cantaram de tal forma que capturaram o coração de todos. Rama ficou especialmente tocado e lágrimas rolaram de seus olhos. Valmiki já havia avisado aos meninos: “Se alguém perguntar quem são vocês, digam: ‘Eu sou um discípulo de Valmiki’”. Rama ordenou a Laksmana: “Vá e dê a eles dezoito mil moedas de ouro e muitas, muitas roupas belas e presentes. Depois pergunte a eles quem são.”
Quando eles foram presenteados com essas moedas de ouro, roupas e presentes, eles disseram: “O que faremos com todas essas coisas? Nós somos brahmacaris”. Então Laksmana perguntou de que dinastia eles pertenciam, e eles responderam: “Você parece ser muito inteligente. Por que pergunta isso, e não quem é o nosso Gurudeva? Somos discípulos de Valmiki Rsi.” Por cinco ou sete dias eles vieram e recitaram o Ramayana, e depois de muitos dias, Rama e outros vieram a saber quem eles eram.
Rama então chamou Valmiki e pediu que Sita devi viesse. Ele desejava que ela provasse a sua castidade para que pudesse aceitá-la de volta. Valmiki disse: “Eu nunca contei uma mentira em minha vida. Posso lhe assegurar que Sita é completamente pura e casta.” Rama disse: “Eu sei disso. Tenho certeza disso, mas quero provar isso aos cidadãos do meu reino. Por favor, traga-a aqui. Então veremos o que podemos fazer.”
Neste momento Brahma, Sankara e muitos semideuses e semideusas vieram, curiosos para ver este evento. Sita devi enviou Luv e Kus ao encontro de seu pai. Após, Sita chegou, e Valmiki falou gentilmente a ela: “Oh filha, Sita devi. Venha e prove a sua castidade.”
Rama disse a Sita: “Eu sei que você é pura, eu realizei isso em Lanka, mas desejo que você me dê provas pessoais de sua pureza”. Sita disse: ‘Você ainda quer isso? Tudo bem, eu lhe darei provas rapidamente’. Ela então orou para a Mãe Terra: ‘Oh Mãe, vim do seu ventre, por favor, se abra e abrigue-me em seu colo. Se é fato que não fui tocada por ninguém neste mundo através da mente exceto por Rama, então venha e me leve’. Após dizer isso três vezes, simultaneamente a Terra se abriu ao meio, um belo trono dourado surgiu, e sobre o trono estava Prtvi-devi, a Mãe Terra. Ela levou Sita em seu colo e ambas voltaram para o solo.
Chorando alto, Rama clamava: “Oh Sita, onde você está? Não posso viver sem você”. Ele sacou seu arco e flecha, e disse à Mãe Terra: “Você é a mãe de Sita e você também é minha mãe, mas se não devolver minha esposa destruirei você”.
Valmiki disse a Rama: “Eu escrevi até este ponto, e nada além disso. Sita foi para sua morada. Vá lá e veja que ela está te esperando. Este é apenas o Seu passatempo. Todos ouvirão, chorarão e se lembrarão disso. Agora o momento chegou. Por favor, vá imediatamente e leve todos aqueles que vieram com você”. Eles então foram para às margens do rio, se banharam, e todos assumiram formas de Visnu com quatro braços. Todos os habitantes foram para Ayodhya com os quatro irmãos, para o reino além deste mundo.
Jay Sita-Rama!
Gaura Premanande! Haribol!