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O Auspicioso Mês de Kartika

Dandavat Pranamas! Todas as glórias a Sri Guru e Gauranga! Em 2022, 09 de outubro, é o início do auspicioso mês de Kartika e do Vraja-Mandala Parikrama, a peregrinação anual aos locais sagrados em Vrindavana, na Índia. Neste dia, celebramos também o glorioso desaparecimento de Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja, o mestre espiritual de Srila Gurudeva! É também Saradiya-rasa-purnima, a noite da lua cheia em que a rasa-lila do outono de Sri Krishna se inicia. Estamos oferecendo esta bela palestra de Srila Gurudeva, Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja, proferida em Mathura, em  homenagem a esta data tão especial.

Este dia, saradiya-rasa-purnima (o dia da lua cheia em que a rasa-lila do outono de Krsna começa), é importante em vários aspectos. Neste dia, meu Gurudeva entrou em nitya-lila, nos passatempos eternos de Sri Sri Radha-Krisna. E porque ele entrou em nitya-lila que se referem a ele como “nitya-lila pravista om visnupada astotara-sata Sri Srimad Bhakti Prajnana Kesava Goswami Maharaja.” Ele é um dos associados mais queridos de jagad-guru Srila Prabhupada Bhakisiddhanta Sarasvati Gosvami Thakura. Ele serviu Srila Prabhupada durante toda a sua vida.

Este dia, saradiya-rasa-purnima (o dia da lua cheia em que a rasa-lila do outono de Krsna começa), é importante em vários aspectos. Neste dia, meu Gurudeva entrou em nitya-lila, nos passatempos eternos de Sri Sri Radha-Krisna.

Ele partiu neste dia, durante saradiya-rasa, quando a lua estava ascendendo em Navadvipa-dhama. Navadvipa-dhama não é diferente de Vrindavana-dhama e, em alguns aspectos, é superior. Embora ambas sejam iguais, em alguns aspectos ela é superior. Navadvipa-dhama (Gaura-dhama) e Gaura-nama (o santo nome de Sri Caitanya Mahaprabhu) não aceitam nenhuma ofensa. Pela sua misericórdia, podemos entrar Vrindavana. Por sua misericórdia podemos alcançar a misericórdia de Vrindavana e a misericórdia do casal divino Sri Sri Radha-Krsna. Sem a misericórdia de Gaura-Nityananda, não podemos entrar no reino de bhakti.

Somos instruídos a observar os dias de aparecimento e desaparecimento dos Vaisnavas e do Guru – ambos os dias – mas nunca observamos dias de desaparecimento de Krsna e Mahaprabhu e Suas manifestações. Podemos celebrar o dia do aparecimento de Krsna, assim como a de Suas encarnações como Rama, Nrsimadeva, Kalki, Vamanadeva, e assim por diante, mas em nenhum lugar ocorre a celebração do dia do Seu desaparecimento descrito no sastra. Há muitas razões para isso. No dia do aparecimento de Gurudeva nós realizamos Vyasa-puja, porque Gurudeva é uma manifestação de Srila Vyasadeva, a encarnação literária de Krsna. Observamos, também, o aniversário de Vyasadeva. Nós observamos os dias de aparecimento e desaparecimento de Srila Rupa Gosvami e dos acaryas de nossa sucessão discipular, mas nunca os dias do desaparecimento de Krsna e Suas manifestações.

Quando um Vaisnava nasce, sua glória não se manifesta. Nesse momento, ninguém conhece suas glórias, ao passo que a partir do primeiro dia de vida de Krsna e Mahaprabhu, ou qualquer manifestação de Krsna, suas glórias são conhecidas. Em relação aos Vaisnavas, por exemplo, quando Parama-pujyapada Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja (Srila Prabhupada) nasceu, sua glória não foi percebida. Quando ele aceitou sannyasa,  foi muito pouco visto. Após receber sannyasa, ele pregou em todo o mundo, e naquela época, suas glórias não eram visíveis. Depois de seu desaparecimento, ele tornou-se conhecido: “Oh, como ele era glorioso – e podemos nos lembrar de sua glória. Desta forma, o dia do desaparecimento de um Guru e dos Vaisnava é mais essencial e glorioso do que o dia do seu aparecimento. Este dia é mais importante porque podemos considerar muitos aspectos de suas glórias, e podemos nos lembrar de todos os seus passatempos.

Como hoje é o dia do desaparecimento do nosso Guru Maharaja, estou me lembrando de todos os seus passatempos, desde o início – como ele pregou para o mundo inteiro, como ele era o mais querido do seu Gurudeva, e como ele deu tudo que tinha, nunca mantendo nada  para si mesmo.

Como hoje é o dia do desaparecimento de nosso Guru Maharaja, estou me lembrando de todos os seus passatempos, desde o início – como ele pregou para o mundo inteiro, como ele era o mais querido de seu Gurudeva, e como ele deu tudo que tinha, nunca mantendo nada para si mesmo.

Qual é o significado da palavra viraha (geralmente entendida como “separação”)? Nosso Gurudeva costumava explicar o seu significado. ‘Vi’ significa ‘de uma forma especial’, e ‘raha’ significa encontro. Então,  viraha significa: ‘encontro interno, de uma forma muito especial ‘, que ocorre por conta de prema, amor puro.’ Por exemplo, Radhika e as gopis costumavam se encontrar com Krsna em Vrindavana quando Ele estava em Mathura. Elas estavam sempre pensando, pensando, e pensando Nele, totalmente absortas. Krsna costumava se manifestar diretamente em Vrindavana e se encontrar com elas. Elas acreditavam que estavam o vendo em um sonho ou tendo um spurti (visão), mas, na verdade, Ele vinha até elas.

No Gambira, Mahaprabhu estava pleno do humor intrínseco de Radha, em viraha, estando sempre totalmente absorto nos passatempos de Krsna.

O que quer que eu fale, tudo vêm do meu Gurudeva. Ele costumava explicar muito sobre viraha. Quero publicar uma literatura Vaisnava descrevendo as glórias de Vaisnava viraha (o humor real de separação dos Vaisnavas exaltados).

As glórias de viraha, separação, é que, o encontro está presente nela.  Essa separação não é algo ruim. Não há infelicidade em tal separação, como revelado nos passatempos de separação de Sita-devi e Sri Ramacandra. Seus passatempos são cheios de sofrimento, nos quais Rama estava sempre imerso em sentimentos de separação de Sita.

Se uma pessoa não tem esse tipo de humor de separação pelo guru em seu coração, o coração dessa pessoa é como um raio. Ela não possui nem mesmo  um traço de bhakti (devoção amorosa) em seu coração. Guru-nistha (fé firme em seu guru) é a espinha dorsal de toda bhakti, e sem guru- nistha, uma pessoa é desprovida de qualquer tipo de bhakti. Seu coração é zero.

Guru Maharaja sempre serviu seu Gurudeva com sua vida e alma. Para o prazer de seu Gurudeva, ele estava disposto até mesmo a pular no oceano ou se jogar no fogo.

Srimati Radhika é chamada Urjesvari (a senhora de todo o poder), e este mês inteiro é chamado Urja. Urja significa poder, ou Shakti. Krsna apenas pode desejar, mas Ele não pode fazer nada para satisfazer seu próprio desejo. Ele depende de Srimati Radhika pra tudo. Ele deseja, Ela realiza.

O dia do desaparecimento de Gurudeva ocorreu no início do mês de Kartika, em Saradiya-rasa. O que posso dizer das glórias deste mês? Você precisa conhecer suas glórias.

Todo este mês é chamado ‘Urja’, e Srimati Radhika é chamada ‘Urjesvari’ (senhora de todo o poder). ‘Urja’ significa poder, ou shakti. Krsna apenas pode desejar, mas Ele não pode fazer nada para satisfazer seu próprio desejo. Ele depende de Srimati Radhika para tudo. Ele deseja, Ela realiza.

Não pense que Krsna ergueu a colina de Govardhana. Radhika levantou a colina. Krsna só pode desejar fazer algo. É por isso que Srimati Radhika é Urjesvari. Como se afirma no mantra brahma-gayatri: “savitur varenyam.”  Urja-sakti é a fonte da luz do sol; a luz do sol vem de Radhaji. Radhika é varanyam. Ela é adorada pelo Sol, que concede luz e calor. O mantra brahma-gayatri conclui com as palavras “diyo yo na pracodayat.” Meditamos em Srimati Radhika e oramos para que Ela se manifeste em nosso coração. Oramos para que Ela manifeste Sua beleza, para que possamos ver quão encantadoramente linda Ela é!

Outro significado de Urja é bhakti, ou Prema, o amor mais puro por Sri Krsna, que vem do coração de Radhika, e não de Krsna. É Ele quem saboreia e é o desfrutador do amor e afeição, mas este amor e afeição vem do coração de Radhika. Ela dá ‘Urja’, o poder de prema, amor e afeição, para todos, até mesmo para Krsna. Krsna não pode existir ou permanecer vivo sem Ela. Sem ela, Krsna seria nirvisesa-brahma (a totalidade do espírito sem forma e qualidades). É por isso que Radhaji é Urjesvari. Sem adorá-La, não podemos conquistar Krsna.

Porque Radhika é a deidade predominante do mês de Kartika, ela também é chamada Damodari. Krsna é Damodara, e Radhika é Damodari. Sem Radhika, ninguém pode atar Krsna permanentemente. Mãe Yasoda pode amarrá-lo por um dia, mas Radhika pode atar Ele para sempre.

Durante este mês de Kartika, Krsna levantou a colina de Govardhana no mesmo dia do puja a  Govardhana , pouco antes da lua cheia do mês, e Dipavali, o dia em que Mãe Yasoda amarrou Seu filho Krsna, também ocorreu neste mês. Dipa significa ‘luz’, e a luz verdadeira se manifesta em forma de bhakti-tattva (as verdades estabelecidas sobre o serviço devocional puro), krsna-tattva (as verdades estabelecidas sobre o Senhor Supremo Sri Krsna), maya-tattva (a verdade sobre este mundo material ilusório), jiva-tattva (a verdade acerca da alma espiritual eterna) – todo esse conhecimento é ‘luz’. O conhecimento de todas esses tattvas vêm de Srimati Radhika.

Sri Krsna deixou a dança da rasa nesse dia, neste mês. Sentindo intensa separação dEle, as gopis cantaram o Gopi-gita. Neste mês, elas também cantaram o Venu-gita.

Sri Krsna deixou a dança da rasa nesse dia, neste mês. Assim, sentindo intensa separação Dele, as gopis cantaram o Gopi-gita. Neste mês, elas também cantaram o Venu-gita, e alguns de seus versos são os seguintes (Srimad-Bhagavatam 10.21/1,5,9):

sri-suka uvaca
ittham sarat-svaccha-jalam
padmakara-sugandhina
nyavisad vayuna vatam
sa -go-gopalako ‘cyutah

“Sukadeva Gosvami disse: A floresta de Vrindavana estava repleta de águas transparentes de outono, permeada pela brisa perfumada com a fragrância de flores de lótus que crescem nos lagos cristalinos. O infalível Senhor, acompanhado de Suas vacas e amigos vaqueirinhos, adentrou aquela floresta de Vrindavana .”

barhapidam nata-vara-vapuh karnayoh karnikaram
bibhrad vasah kanaka-kapisam vaijayantim ca malam
randhran venor adhara-sudhayapurayan gopa-vrndair
vrndaranyam sva-pada-ramanam pravisad gita-kirtih

“Vestindo um belo ornamento de pena de pavão em Sua cabeça, flores karnikara azuis em suas orelhas, uma roupa amarela tão brilhante como o ouro, e uma guirlanda Vaijayanti, o Senhor Krsna exibiu Sua forma transcendental como o maior dos dançarinos quando Ele adentrou na floresta de Vrindavana , embelezando-a com as marcas de Suas pegadas. Ele preencheu os orifícios de Sua flauta com o néctar de Seus lábios, e os vaqueirinhos cantavam Suas glórias.”

gopyah kim acarad ayam kusalam sma venur
damodaradhara-sudham api gopikanam
bhunkte svayam yad avasista-rasam hradinyo
hrsyat-tvaco ‘sru mumucus taravo yatharyah

“Minhas queridas gopis, que atividades auspiciosas esta flauta têm realizado para desfrutar do néctar dos lábios de Krsna de forma independente, deixando apenas um gostinho para nós gopis, para quem esse néctar é realmente importante! Os antepassados da flauta, as árvores de bambu, jorram lágrimas de prazer. Sua mãe, o rio em cujas margens o bambu nasceu, sente imenso júbilo, e, portanto, as flores de lótus que nele desabrocham, estão arrepiadas nos pelos do seu corpo”.

Neste mês, embora quando criança Krsna tenha sido amarrado no pilão de sua mãe, Ele deu mukti, ou seja, bhakti, a Nalakuvera e Manigriva. Como se afirma no Sri Damodarastakam, Ele não só os libertou, mas lhes deu uma posição como cantores – Madhu-Kanta e Snigda-Kanta – em suas próprias reuniões em Goloka Vrindavana.

kuveratmajau baddha-murtyaiva yadvat
tvaya mocitau bhakti-bhajau krtau ca
tatha prema-bhaktim svakam me prayaccha
na mokse graho me ‘sti damodareha

“Oh Senhor Damodara, assim como os dois filhos de Kuvera -Manigriva e Nalakuvara – foram liberados da maldição de Narada e transformados em grandes devotos por você, em sua forma como um bebê amarrado com uma corda em um pilão de madeira, da mesma forma, por favor, me conceda seu prema-bhakti (devoção amorosa). Eu anseio somente por isso e não tenho nenhum desejo por qualquer outro tipo de liberação.”

Neste mês, junto com seus associados, os Vrajavasis, Sri Krsna realizou adoração as vacas e bezerros (go-puja), aos brahmanas, e à colina de Govardhana. Neste mês, eles realizaram o Parikrama de Govardhana.

Quando Indra criou chuvas torrenciais para destruir Vrindavana, Krsna ergueu a colina de Govardhana , o que na verdade foi um truque para trazer as gopis em purva-raga para próximo Dele. Krsna estava pensando que todas as gopis deviam se aproximar. Mãe Yasoda e Nanda Baba também estavam presentes lá, mas naquele dia, as jovens gopis não estavam totalmente tímidas,  não sentiam vergonha. Este foi o primeiro dia em que as gopis chegaram pertinho de Krsna.

Assim, Krsna quebrou o orgulho de Indra. Indra então realizou abhiseka para Krsna e lhe deu o nome de Govinda. Govindam adi purusam tam aham bhajami (todos os devotos cantaram esta canção junto com Srila Gurudeva, que, depois de alguns momentos, levou os devotos a cantar o verso na mesma melodia dos templos da ISKCON, e então disse: “Desta forma, nos lembramos de Svamiji.”

Neste mês Saradiya-rasa ocorreu, mas não durou um mês. Mesmo o próprio Krsna não poderia conceber quanto tempo durou, nem as Gopis. Apenas Yogamaya sabia. A lua parou em um determinado lugar, sem se mexer, e o sol permaneceu do lado oposto da rasa. Se o sol tivesse aparecido ali, não teria acontecido a rasa. Por isso, o sol também parou em um lugar fixo.

Todos estes passatempos foram realizados no mês de Kartika. Por isso, este mês é muito elevado!

À tarde, às 16:00, todos nós vamos nos sentar aqui e glorificar a contribuição que meu Guru Maharaja deu ao mundo. Agora, iremos para o rio Yamuna para fazer nossos votos (Sankalpa) e oferecermos nossas preces para que o nosso parikrama seja bem-sucedido e para que os nossos desejos sejam satisfeitos. Yamuna é associada de Krsna, Visakha-devi. Tudo o que você deve fazer é estar pronto e vir. Quando chegarmos em Vrindavana, faremos um voto novamente, ás margens do Kesi-ghata.

Jay Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja ki! Jay!
Jay Sri Vraja-Mandala Parikrama ki! Jay!
Jay Sri Kartika-vrata, Damodara-vrata, Urja-vrata ki! Jay!

Gaura Premanande! Haribol!!!

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