O Dia do Desaparecimento de Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja
Por Srila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja
Neste ano de 2025, 08 de outubro (na India) é o dia do desaparecimento de Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja, o iniciador e sannyasa guru de Srila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja e o guru sannyasa de Srila Bhaktivedanta Swami Maharaja. Em homenagem a este dia mais auspicioso, oferecemos esta aula.
Nosso Guru Maharaja apareceu em uma família de fazendeiros na famosa vila de Banaripara, no distrito de Jessore, no leste da Bengala. Na ocasião do Seu nascimento, Seu corpo era muito delicado e belo, e por Ele ter uma compleição dourada, sua mãe e todas as senhoras do local deram a Ele o apelido de Jona (significando “vagalume”). Seu verdadeiro nome era Bhima. Por aproximadamente três ou quatro meses Ele não falava ou chorava, e Sua família estava muito preocupada. Então, certa vez, um mendigo muçulmano que veio a casa deles esmolar disse à mãe de Gurudeva: “O seu filho não fala?”
Ela respondeu: “Como você sabe disso? Se você for capaz, por favor, faça-O falar de alguma forma.”
O mendigo respondeu: “Faça o seguinte: na vila existem alguns “intocáveis”, pessoas da classe de sudras que trabalham nas regiões de cremação . Eles se alimentam com arroz de baixa qualidade que são deixados de molho por toda a noite. Peça um pouco desse arroz deles, alimente sua criança, e então ele falará.”
A mãe de Guru Maharaja era uma mulher muito trabalhadora que, sobretudo, tomava conta de suas terras. Ela disciplinava com muito rigor seus filhos, e eles jamais podiam ir a qualquer lugar sem sua permissão. Todos a respeitavam. Quando ela se aproximou de uma daquelas famílias de sudras e pediu um pouco daquele arroz, eles disseram:” Como você é capaz de tomar isso? Ele foi tocado por nós!”
Ela respondeu:” Não se preocupe, apenas me dê um pouco dele.”
Conseguindo algum arroz, ela o levou para casa e o colocou diante da criança que imediatamente iniciou um choro”Ma Ma” e começou a falar a partir daí.
Na sua juventude nosso Gurudeva era muito próximo de seu pai, que era especialmente carinhoso com Ele. Naquele tempo, as pessoas do leste da Bengala eram muito religiosas e as leituras do Bhagavad-gita, do Srimad-Bhagavatam, estavam sempre acontecendo. Logo surgiu uma divisão e isso foi como se o coração da Bengala tivesse sido arrancado. Desde a sua tenra infância, Gurudeva agarrava o dedo do seu pai e o acompanhava nos programas religiosos, e se nessas ocasiões estivesse escuro, Ele se sentava nos ombros de seu pai. Assim, filosofia religiosa tornara-se seu interesse. Existe um provérbio em Hindi que diz: honahara viravana ke hota cikane pata, que fala que, quando uma muda de planta crescer e der muitos frutos, suas folhas serão grandes e belas. Eventos vindouros seriam um prenúncio de grandes feitos desta arvore; e desde Sua infância, os sintomas indicavam que Ele se tornaria uma grande personalidade.
Conforme crescia, Ele passava a maior parte do seu tempo na companhia de um grande mahatma que tinham seu asrma na vila. Lá ele escutava leituras do Gita, Bhagavatam e do Vedanta. Quando Ele estava na escola, ainda em uma idade muito jovem, Ele iniciou sua própria revista e sua linguagem era muito erudita. Ele também era um excelente orador e quando falava em uma grande assembleia, não era necessário auto-falante. Ele não sabia muitos slokas como alguns devotos, contudo era capaz de dar belíssimas explanações.
Quando Eu me juntei a Matha recebi especial misericórdia de Bhagavan, tendo a oportunidade de acompanhar nosso Gurudeva em muitos grandes programas, onde Ele palestrava, mantendo-me sempre ao seu lado. Ele deu a meu irmão espiritual senior, Srila Vamana Maharaja, a responsabilidade da impressão de livros, e sendo um homem muito qualificado, imprimia muitos livros e revistas sequencialmente.
Com a intenção de ajudar na revista, cozinhar e cuidar de vários serviços, Guruji mantinha-me junto a Ele. O seu estilo de fala e escrita eram maravilhosos, e era grande a minha fortuna por escutar tanto dele. Eu sempre fazia anotações e ficava com Ele como se fosse sua sombra. Assim como hoje, Vamana Maharaja, era muito quieto e não falava muito, todavia, meu querido irmão Trivikrama Maharaja e eu éramos muito falantes. Nós estávamos sempre engajados em debates sobre isso e aquilo e quando Guruji ficava cansado de nós, falava: “Pegue esse livro, a resposta está aí!” Hoje em dia os devotos não discutem muito sobre tópicos de tattva. Em vez disso, falam sobre o tipo de roupa que estão vestindo e que tipo de comida comerão. Quando Vaisnavas se encontram, devem debater sobre tattva, e esta era a nossa grande fortuna, ouvir discussões sobre bhakti-tattva de devotos muito eruditos! Mas hoje em dia, raramente alguém usa seu tempo discutindo o significado das escrituras.
Guruji era tão inteligente e tinha tanto poder na sua fala, que podia transformar sim em não, e não em sim, era impressionante! Sem tais devotos a pregação não continuaria. Se um de nós quiséssemos escrever e publicar alguma coisa, tínhamos que pesquisar em muitos, muitos livros e editarmos tal publicação muitas vezes; mesmo se cinco de nós estivéssemos trabalhando juntos, ainda assim tínhamos dificuldade de escrever alguma coisa.
Mas o que fazia Guru Maharaja? No Parikrama anual de Navadvipa, cinco ou sete mil devotos vinham oferecer pranamas a Ele, que falava com muitos deles! De alguma forma, no meio de toda essa comoção, Ele simultaneamente ditava um artigo para sua revista, para Vamana Maharaja. Não existia sequer necessidade de checar isso; imediatamente estava pronto para ser impresso! Era incrível como ele nunca tinha que revisar nenhum livro. Quando um de nós se preparava para falar algo, nós tínhamos primeiro que pesquisar em muitos livros. E quando ouvíamos alguém falar ou ler algo, precisávamos tomar nota a fim de reter. Mas Guru Maharaja em toda sua vida nunca anotou nada. Ele lia muitos livros- sua livraria está aqui na Matha (em Mathura)- mas Ele nunca anotava nada. E Ele conhecia muito sobre História; nenhum acarya conhecia mais historia do que Ele. Srila Bhaktisiddhanta Prabhupada O chamava de “Vedantic pandita”.